SESC Ceilândia revela atletas para o triathon brasileiro
SESC Ceilândia revela atletas para o triathon brasileiro
Eles disputam uma competição só para conseguir uma vaga. Por serem tão pequenos, ao menos no início, a concorrência é tão grande quanto a de um Iron Man. Cerca de 500 crianças tentam, todo semestre, entrar no Projeto Sesc Triatlo, que busca iniciar os pequenos de 8 a 14 anos no esporte. Só 40 conseguem um lugar — metade na unidade do Gama e o resto na de Ceilândia — e viram gigantes. As aulas de ciclismo, corrida e natação alargaram os ombros de Lucas Dettmann. Hoje, um ano e meio depois do início dos treinamentos, o garoto de 14 anos não chama a atenção das meninas na escola apenas por causa do porte físico e os olhos claros. Ele também atrai os treinadores. Promessa para, quem sabe, as próximas Olimpíadas.
Bastou um mês para Thainá de Oliveira, 13, e Gabrielle dos Santos, 12, aprenderem a nadar. Quando as meninas chegaram à professora Lidiane Gomes, nem comiam frutas. Gabi aprendeu que, para não ter cãimbras, precisava de banana. A mãe, a diarista Francisca Ferreira, agora nem precisa oferecer. Uma mudança drástica tanto na aparência quanto na qualidade de vida. E, claro, na escola: principal objetivo dos mestres que reúnem as crianças três vezes por semana. Os treinos envolvem, no mínimo, duas modalidades, tornando-os dinâmicos para não ter chance de os garotos desistirem. E, geralmente, começam antes mesmo do início das aulas.
Por ser voltado para crianças em vulnerabilidade social, a maioria delas vai andando para o local de treinamento. Em média, 25 minutos de caminhada, o que explica a corrida ser a menos atraente. Afinal, é possível correr em qualquer lugar. Mas bicicleta e piscina eles só têm a oportunidade de encontrar ali.
Mesmo sem ter bike, Thainá é a mais rápida do grupo. E também uma das poucas que trocam a piscina por alguns minutos de pedal. “Minha perna ficou mais durinha e tenho mais resistência física. Não tenho tanta dificuldade para respirar”, constata, sem deixar de mostrar os olhos maquiados. Sinal da autoestima adquirida no amplo espaço de treinamento. Um dos principais atrativos.
Na área com uma dezena de piscinas, espaço para andar de bicicleta e uma pista de cooper, eles recebem lanche, auxílio médico e odontológico. “Pegamos os garotos exatamente na principal fase do desenvolvimento motor. Antes dos 8 anos é mais complicado. Vamos moldá-los para que tenham um maior aprendizado”, explica a professora Lidiane, que tem, também, a tarefa de encaminhar os que extrapolam a idade- limite do projeto (14 anos) a outros treinadores.
Do treino para a competição
Mesmo sem o objetivo de formá-los como atletas competitivos, o projeto colocará parte deles para participar, no próximo domingo, no Pontão do Lago Sul, da etapa de Brasília do Circuito Sesc Triathlon, que passará por mais seis cidades brasileiras até o fim de novembro.
Os 40 contemplados se juntarão a quase 16 mil atletas que participarão das provas. Mas há uma diferença. Como ainda são amadores e a competição é voltada para atletas de elite, eles vão apenas correr e nadar.
Mesmo assim, é uma experiência mais do que válida para quem não sabe muito bem o que acontecerá no futuro. “Se eu não estivesse treinando, acho que estaria aprontando na rua. Perto da minha casa (no Setor P Norte) tem muita gente querendo levar as crianças para o mau caminho”, imagina Gabrielle, sem saber que encontrou a estrada certa no esporte.
Programe-se
Sesc Triathon
Etapa Brasília
Data: 19 de maio (domingo)
Horário: 8h
Local: Pontão do Lago Sul
Notícia publicada em: 17/05/2013