Lixão torna-se um vizinho indesejável
Empresários e trabalhadores do Setor de Indústrias da Ceilândia são obrigados a conviver diariamente com um imenso lixão a céu aberto. O local, na quadra 21, é considerado pela Administração Regional e Serviço de Limpeza Urbana (SLU) como uma área regular de descarte de restos de construção civil. Entretanto, empresários denunciam que ele é usado por carroceiros para depositar todo tipo de lixo, inclusive animais mortos.
O problema é antigo segundo Atílio Ferreira, gerente de um das empresas da região. Ele conta que carroceiros despejam lixo na região, principalmente à noite. “Falta uma fiscalização regular que impeça as pessoas de jogarem lixo aqui. O GDF faz apenas uma limpeza para amenizar a situação, mas logo tudo volta como estava”, denuncia.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Ceilândia, Clemilton Saraiva, diz que o problema com o lixo é um dos maiores desafios dos empresários locais. “Falta no governo local uma política eficiente de enfrentamento do lixo urbano. É preciso reeducar a população. As pessoas precisam se conscientizar que isso afeta o meio ambiente e a saúde dos outros”, comenta.
O lixão prejudica, ainda, a saúde e a segurança de quem trabalha na região. “Já vi gente jogando animais mortos e até lixo hospitalar aqui. Isso é um risco para a saúde de todos, já que ficamos expostos há vários tipos de doenças”, afirma o balanceiro Matheus Soares. De acordo com o engenheiro Adriano Leal, o local também é usado por criminosos que roubam fios de cobre para queimar e separar o cobre de outros minerais.
A superintendente de Fiscalização de Limpeza Urbana da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), Cláudia Virgínia conta que o descarte de lixo irregular é bastante comum no DF, devido à distância do único local para descarte legal. “Isso acontece porque o governo não disponibiliza outros pontos de descarte, principalmente nas cidades distante do espaço correto”, destaca.
Segundo Virgínia, as regiões de Ceilândia e Taguatinga são as que mais sofrem de problema. Para ela, o governo do DF tem que licenciar pontos para que o descarte de carroceiros e material de construção sejam feitos em um lugar ideal. “A questão é urgente. Tem que ser definida rapidamente e Brasília está atrasada nisso. Com a demora, muitos parques e beiras de rios estão sendo destruídos”, afirma.
Multa para quem for pego
A Agefis está realizando um mapeamento dos locais de descarte irregular no DF. Em 2008, eles eram de 570, mas a empresa sabe que esse número já triplicou nos últimos cinco anos, alcansando mais de 1,5 mil pontos. Cláudia Virgínia explica que a pessoa que for pega em flagrante é obrigada a pagar uma multa que varia de R$ 5 mil a R$ 95 mil, conforme o volume que estiver descartando. “Para caracterizar como crime, o depósito a Agefis precisa pegar a pessoa em flagrante”, conclui.
Ecopontos ainda estão sendo planejados
O GDF tem um plano inicial de instalar cerca de 105 Ecopontos para tentar erradicar os descartes clandestinos, que se alastram pelo DF. Esses locais são destinados apenas a resíduos da construção civil, além de material volumosos, como sofá e móveis, que constumam ser abandonados nas ruas.
De acordo com o gerente de projetos ambientais da Coordenadoria de Planejamento e Gestão da Casa Civil, Ricardo Miorin Gomes, os Ecopontos não recebem lixos orgânicos e nem lixo comum, apenas esses resíduos específicos. “Por isso, os Ecopontos não se assemelham de forma alguma a lixões, não tendo nenhum cheiro ou resíduos espalhados”, explica.
O governo pretende espalhar equipamentos em locais específicos pelas regiões administrativas, de forma a possibilitar o manuseio do descarte de resíduos da construção civil da forma adequada. A Coordenadoria das Cidades solicitou às administrações que encaminhassem os endereços das novas áreas de transbordo regular de entulho para que sejam aprovadas junto ao Instituto Brasília Ambiental (IBRAM).
Administração oferece serviço de descarte de lixo
A sujeira depositada em área pública é passível de multa, que varia de R$ 95 a R$ 95 mil, e de detenção por crime ambiental. Atualmente, o serviço de recolhimento desse tipo de lixo já é realizado pela Administração da Ceilândia de forma gratuita. Quem quiser descartar os resíduos deve ligar no telefone: 3471-9853.
Da Redação do Alô - 11/11/2013 08h18
Bruno Cassiano e Marcus Fogaça e Roberval Eduão
Notícia publicada em: 11/11/2013