Metade do EI no Brasil usa a própria casa para fazer negócios
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae Nacional mostra que quase metade dos MEIs (Microempreendedores Individuais) mantêm seus negócios em casa.
Dos 3,5 milhões de cadastrados no programa, que permite a formalização de empresários individuais que faturam até R$ 60 mil por ano e empregam até um funcionário, 1,7 milhão opta por manter o empreendimento no domicílio.
Giselle Gonçalves, 33, franqueada da rede de reforço escolar Tutores, é uma das que optaram por transformar a sala de casa em escritório.
Seu trabalho é organizar aulas particulares para alunos que procuram a empresa. Para isso, ela também seleciona e treina professores.
Gonçalves conta que a decisão foi tomada para que ela pudesse ficar mais perto da filha, que tinha três anos quando ela decidiu empreender. "Trabalhava com logística e tinha muito pouco tempo para ficar com ela."
A empresária diz que não separou um cômodo específico para trabalhar, porque dificilmente recebe clientes.
As reuniões com alunos são feitas na casa deles e, quando precisa conhecer um professor, marca um encontro em uma praça de alimentação ou em outro lugar público. E eventualmente usa o salão de festas do prédio para dar treinamentos.
Segundo o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, a opção de manter a empresa em casa tem sido tomada tanto por uma questão de economia de custos com aluguel, transporte e alimentação e também para evitar o trânsito das grandes cidades.
Ele recomenda que, antes de iniciar o negócio, o empresário verifique se na região há alguma restrição ao funcionamento de determinado tipo de negócio em áreas residenciais. Isso porque existem regras diferentes em cada município.
ORGANIZAÇÃO
Há também o risco de o negócio não ir tão bem se a pessoa não tiver disciplina, diz Carlos Alberto Júlio, administrador e palestrante. O maior deles é se desorganizar e deixar os compromissos do trabalho para depois.
Para evitar isso, Júlio recomenda que o empreendedor faça um planejamento por escrito das tarefas diárias, semanais e mensais e o revise diariamente.
"Trabalhar em casa não tem nada a ver com fazer o que dá na telha. Na verdade, exige muito mais organização e responsabilidade."
O setor de artesanato se destaca pela quantidade de empreendedores que trabalham de casa -77% dos MEIs desse setor fazem isso.
A artesã Fabiana Giandoso, 31, dona da marca Farfallagialla, faz produtos com patchwork (trabalho com retalhos) e os vende sem precisar ir à rua. Para isso, ela expõe suas peças em dois sites, o brasileiro Elo7 e o norte-americano Etsy.
Ela diz que, para conseguir se organizar, o importante é ter uma rotina definida. De manhã ela checa os e-mails e acompanha os pedidos. À tarde, produz as peças e, à noite, cuida dos três filhos.
E, quando necessário, é possível ajustar o horário de trabalho. "Antes, ficava acordada até de madrugada respondendo e-mails de clientes de outros países. Agora tento não mudar muito a rotina, mas posso ficar até de madrugada costurando se tenho muitos pedidos."
Fonte: Folha de São Paulo
Notícia publicada em: 16/12/2013