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A Inclusão Digital e a Economia Cognitiva


<div class="awppage"><p><strong>Clemilton Saraiva dos Santos<br /></strong><br /><em>Nas felizes visitas que fazemos a uma biblioteca há sempre a possibilidade de encontrar algo que nos ilumine e revele a amplitude das transformações políticas, econômicas e sociais a que a humanidade está passando nas últimas décadas. A última visita que fiz me deparei com um livro lançado no Brasil, em 1993, pela editora Record, 3&ordf; edição , de autoria de Alvin Toffler, o livro chama-se Powershift: as mudanças do poder - Um perfil da sociedade do século 21&Prime; analisa as transformações na natureza do poder. Toffler é, também, autor de A Terceira Onda e O choque do futuro . </em></p><p>O Poder, sob a ótica de Toffler, deve ser considerado como uma combinação de elementos que transformam uma sociedade (coesão), submissão às regras, dinheiro (a forçado capital) e conhecimento (informação como ativo e valor). </p><p>Na linha de entendimento do autor, se avaliarmos o conceito moderno de desenvolvimento humano em ondas, considerando que o capital era sinônimo de riqueza e que isto posto a trabalhar gerava produção , iremos observar que estes valores provocaram profundas transformações no modelo de sociedade em que vivemos. </p><p>Na primeira onda, a moeda (capital) da agricultura era o metal ou qualquer outra mercadoria, o que gerava um conhecimento quase zero, tudo era tangível e durável, mensurado pelo vale quanto pesa, pré alfabético, as palavras não eram gravadas. Na segunda onda, o papel impresso, com ou sem lastro de produto de base, era o valor. </p><p>O que estava impresso tinha importância. A moeda ainda é elemento tangível, a alfabetização agora é em massa. Já na terceira onda, a moeda são os pulsos eletrônicos, trafegam instantaneamente e são monitorados na tela de vídeo, piscam, cintilam, o valor virtual percorre o mundo. A informação é a moeda - base do conhecimento. </p><p>Segundo Toffler, estamos na transição do trabalho braçal para o trabalho mental (cognitivo) ou trabalho que exige capacidade psicológica e humana. No entendimento de Alvin Toffler, tínhamos o proletariado (trabalhador focado em produção massa), agora vemos nascer o cognitariado (trabalhador focado em processamento de informações), leia-se aqui um trabalhador que usa elementos integrativos que o acesso às tecnologias da informação possibilitam. </p><p>Diante dessa breve contextualização identifica-se o quanto a humanidade vem se transformando nas suas relações de interesses. Uma intensa batalha se intensifica, pois os negócios, ou seja, os interesses econômicos dependem da obtenção e envio de informações. </p><p>A infraestrutura para levar e trazer os resultados destas novas configurações das relações econômicas, sociais e políticas, tão estratégicas para defesa e sustentabilidade do conceito de nação , são as estradas eletrônicas que um país precisa ter para manter a sobrevivência do modelo de Estado que dispõe. </p><p>Acelerar a construção desse novo conceito de estrada, segundo Toffler, tem similarmente a mesma urgência que construir rodovias e ferrovias no século XIX, quando se considerava que o destino de uma nação estava ligado às extensões dos seus sistemas rodoviários e ferroviários. </p><p>Entender este novo momento passa por entender e reconhecer a magnitude e a importância do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), instituído pelo Decreto nº 7. 175, de 12 de maio de 2010, gerido pela Telebrás, que visa criar oportunidades, acelerar o desenvolvimento econômico e social, promover a inclusão digital, reduzir as desigualdades sociais e regionais, gerar emprego e renda, ampliar os serviços de governo eletrônico, facilitar aos cidadãos o acesso aos serviços do Estado, promover a capacitação da cidade para o uso das tecnologias de informação e aumentar a autonomia tecnológica e a competitividade brasileiras. </p><p>Sendo assim, quando o Estado traz para si a coordenação de um plano desta importância, eleva à categoria máxima a gestão da rede neural do desenvolvimento da nação brasileira. Toffler assegura que todos nós somos capazes de ver e tocar um telefone ou um computador. Contudo, não percebemos as redes que os ligam com o mundo. Estamos diante de um grande sistema nervoso da sociedade moderna. </p><p>O Estado brasileiro precisa fazer a diferença se valendo de uma infraestrutura de rede de telecomunicações, a fim de democratizar o acesso à Internet no Brasil e contribuir para incluir milhares de cidadãos na sociedade da informação . Temos de fato um monopólio na área de telecomunicações que não tem nenhum interesse social no país. Há que se fomentar a concorrência, caso contrário os preços do acesso às ferramentas tecnológicas de comunicações eletrônicas não se tornarão baixos. </p><p>A adoção de uma infraestrutura de rede sob controle do governo brasileiro se faz urgente e necessária frente às demandas relacionadas à qualificação da gestão pública e à transparência dos atos governamentais. A iniciativa permitirá, também, ampliar e qualificar o governo eletrônico, apoiar a política de inclusão digital e tornar a concorrência no mercado de serviços de telecomunicações uma realidade nos próximos anos. </p><p>Como podemos notar, estamos diante de uma revolução silenciosa de valores e de gestão do Estado. Essa nova visão irá possibilitar o aperfeiçoamento, o desenvolvimento de novas habilidades e a retenção de conhecimentos, oriundos dos velocíssimos conteúdos de informações que trafegam nas auto-estradas eletrônicas da economia cognitiva. </p><p>Para Toffler, a informação é o mais fluido dos recursos, e fluidez é a marca de qualidade de uma economia na qual a produção e a distribuição dependem de trocas simbólicas e que funciona em redes digitais e compostas de complexos sistemas nervosos sem regras bem definidas. Alvin Toffler acrescenta: o que importa para uma nação , no longo prazo, são produtos de atividade mental. Pesquisa científica e tecnológica Educação da força de trabalho</p><p>Programas de computadores sofisticados Administração mais inteligente Comunicações avançadas Atividades financeiras eletrônicas. Estes são os atuais recursos-chaves do poder e armas importantes para produção do conhecimento, geradores da economia cognitiva. </p><p>*Clemilton Saraiva dos Santos é presidente da Associação Comercial de Ceilândia(ACIC)</p><p>Publicado no Blog do Max</p></div>

Notícia publicada em: 2012-01-02 22:25:36