Alice, a artesã
A rotina de Alice Pádua, 29 anos, muda totalmente quando as festas de fim de ano se aproximam. São no máximo cinco horas de sono por dia para conciliar produção, organização e venda das velas artesanais. Ela tirou a carteirinha de artesã em 2001, depois de terminar o curso de velas. Desde então, passou a participar das principais feiras da cidade, são pelo menos quatro a cada semana. “Logo no começo, eu percebi que ia dar certo. Eu vendi muito na feira que me convidaram e o pessoal falou que eu tinha um dom. Comecei a investir e há cinco anos faço decoração de Natal também”, conta.
Foi nessa época que a moda das velas passou e as vendas começaram a cair. Alice viu que os produtos natalinos eram uma oportunidade de negócio, que casava perfeitamente com as peças que produzia. O impulso foi ainda maior do que o esperado e, a partir de outubro, o faturamento aumenta cinco vezes. Enquanto no resto do ano ela vende de R$ 3 mil a R$ 4 mil mensalmente, nos três últimos meses chega a faturar um total de R$ 40 mil.
Agora, além de artesã, Alice virou designer e planeja toda a decoração de empresas e casas. “Há cinco anos, fui chamada para fazer muitas decorações e vi que podia dar certo. Hoje, no fim do ano, todas as semanas eu tenho duas ornamentações para fazer”, relata. Como começou a trabalhar para firmas e precisa emitir nota fiscal, há dois anos ela fez o registro de microempreendedor individual (MEI). Um dos orgulhos do ano é a decoração do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Para 2014, o plano é expandir e abrir uma loja na Asa Norte. A empreendedora até já começou a pesquisar o ponto comercial.
Para manter as vendas em alta, Alice conta que o segredo é a variedade e a organização. “É preciso ter um controle do estoque para não faltar nada, e toda semana ter produtos diferentes”, diz. Os clientes do Lago Sul, que acompanham a artesã desde as primeiras exposições na Feira da Lua, são os mais fiéis, quase todas as semanas passam no estande da Entreluxo. E há ainda os fregueses que nessa época do ano enchem a agenda da empresária de encomendas. As peças verdes e vermelhas são as que mais saem nesses meses e estão na moda também as velas em forma de tulipa para ornamentar banheiros. Todas as peças têm aroma e os preços variam de R$ 2 a pouco mais de R$ 200.
Essa inclusive é uma dica importante que Alice dá a quem pretende empreender: saber precificar os produtos. “A sugestão é se formalizar e fazer cursos no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), porque só assim você vai saber colocar preço, como comprar e escolher produtos”, explica. O planejamento tem de ser completo para não faltar tempo para a produção nem os materiais necessários — parafina, corante, essência e formas. Ela diversifica os fornecedores para ter opções diferentes em alguma emergência.
Família parceira
Alice relata que a vontade de ser empreendedora começou desde que era pequena. Aos 14 anos, montou um quiosque para vender sorvetes no período em que morou com a família em São Simão (GO). Hoje, o ateliê da empresária é em casa, onde mora com os pais, Cleide Pádua, 65 anos, e Ulisses de Carvalho, 62. Eles foram os principais incentivadores da filha no empreendedorismo e a ajudam no dia a dia do negócio. “Acabou virando uma empresa familiar”, observa Alice. No início, até a avó, que mora no Rio de Janeiro, encomendava várias caixas com velas para dar de presente às amigas e ajudar a neta. Em Brasília, a mãe cuida do atendimento aos fregueses e o pai colabora com o transporte dos produtos para as feiras. “Eu trabalhei muito tempo em banco, no atendimento, e é disso que eu gosto, do contato com os clientes”, conta Cleide, que começou a estudar direito logo depois da aposentadoria e deixou a faculdade para ajudar a realizar o sonho da filha. “É muito bom ver a Alice feliz”, resume a mãe coruja.
Fonte: Correioweb - Mariana Niederauer - Publicação: 16/12/2013 09:34
Notícia publicada em: 19/12/2013